Foi um jogo de futebol, mas poderia ter sido um filme de ação. E dos bons. A vitória por 4 a 3 do
Barcelona sobre o
Real Madrid teve duas viradas, três gols de
Messi, três pênaltis, uma expulsão, um fim emocionante e muita discussão a respeito do desempenho do juiz Undiano Mallenco. O resultado, no Santiago Bernabéu, também serviu para embolar a disputa após 29 rodadas do Espanhol. Agora, o Atlético de Madrid lidera com 70 pontos - o Real perdeu a ponta no critério de desempate, confronto direto contra seu rival local. Os catalães foram a 69 pontos, em terceiro lugar.
Iniesta abriu o placar logo aos seis minutos, em passe do argentino. Benzema chegou a balançar a rede duas vezes e virar para os merengues, mas Messi garantiu o 2 a 2 antes do intervalo. No começo do segundo tempo, CR7 deixou o Real em vantagem novamente, cobrando pênalti, em falta de Daniel Alves, mas cometida fora da área.
Outras duas penalidades máximas mudaram o rumo do jogo e acenderam a discussão: Neymar, aos 19, com Sergio Ramos sendo expulso, e depois em Iniesta, aos 38. As cobranças foram convertidas pelo camisa 10 e garantiram dor de cabeça ao árbitro. No primeiro lance, os merengues reclamam que Neymar teria simulado a falta. No segundo penal, a reclamação é que, desta vez, Iniesta teria ludibriado o juiz, ainda que tenha sido mais claro o toque de Xabi Alonso no meia do Barça.
Messi comemora gol do Barcelona diante de Cristiano Ronaldo: argentino brilha mais do que rival
Além de desequilibrar o clássico, Messi alcançou mais duas marcas históricas. Com os gols, chegou a 21 no clássico, assumindo a artilharia isolada do histórico do confronto e deixando para trás seu compatriota Di Stéfano, ídolo merengue, com 18. Também se tornou o segundo de todos os tempos na estatística do Campeonato Espanhol. Chegou a 236, superou o mexicano Hugo Sánchez, outro ex-jogador do Real, e também do Atlético de Madrid e Rayo Vallecano, autor de 234, e ficou a 15 do recordista no quesito, Telmo Zarra, ex-Athletic Bilbao, de 1940 e 1955. De quebra, transformou o rival em sua principal vítima. Contra o adversário deste domingo, balançou a rede 21 vezes, uma a mais do que no Atlético de Madrid.
Outro dado interessante é que o resultado acabou com uma invencibilidade de 31 jogos do Real Madrid. A última derrota da equipe foi justamente contra o Barcelona, por 2 a 1, pelo primeiro turno do Espanhol, no dia 26 de outubro do ano passado.
As duas equipes voltam a campo na quarta-feira. O Barcelona recebe o Celta de Vigo, às 16h (de Brasília), e o Real enfrenta o Sevilla, fora de casa, às 18h (de Brasília).
DI MARÍA DÁ BAILE EM DANIEL ALVES
Desde os primeiros minutos, o jogo foi disputado com intensidade proporcional à expectativa. O Real Madrid deixou claro em suas investidas iniciais no ataque que forçaria as jogadas pela esquerda, em cima de Daniel Alves. O Barcelona tratou de aproveitar a liberdade de Messi pelo meio e, assim, armou o primeiro lance de perigo e fez seus dois gols. Logo aos três, o argentino disparou e deu um ótimo toque rasteiro para Neymar entrar na área e concluir, mas o chute do brasileiro foi em cima do goleiro. Pouco depois, o camisa 10 voltou a acertar um lançamento, para a esquerda, descobrindo Iniesta livre. O espanhol entrou na área e soltou a bomba no ângulo oposto, abrindo o placar.
O Real manteve sua estratégia de forçar as jogadas pela esquerda e virou o placar em pouco tempo. Depois de perder duas chances dentro da área, aos 11 e 12, Benzema acertou, empatando aos 19 e fazendo 2 a 1 aos 23. Em ambos os lances, Di María fez jogada pela esquerda em cima da marcação falha de Daniel Alves e cruzou. Mascherano perdeu pelo alto nas duas e deixou o atacante francês em boas condições para marcar, primeiro de cabeça e depois dominando com a coxa e chutando forte.
Benzema enche o pé e faz o gol da virada do Real Madrid sobre o Barcelona depois de falha de Mascherano
A virada abateu o Barcelona, e o Real quase ampliou a vantagem. Aos 25, Di María superou de novo a marcação de Daniel Alves e cruzou, e mais uma vez foi Benzema que concluiu, depois de Jordi Alba e Fábregas trombarem pelo alto, confusos na marcação. Mas Piqué salvou em cima da linha.
Apesar do domínio merengue, o Barça conseguiu empatar antes do intervalo, graças de novo a Messi. Aos 41, o argentino tabelou na entrada da área e descobriu Neymar na marca do pênalti. Mal o brasileiro dominou a bola, foi desarmado por Carvajal, antes de concluir. Mas o camisa 10 pegou o rebote, superou a marcação de Sergio Ramos e chutou no canto. Na comemoração, a primeira confusão da partida. Fábregas trombou com Pepe quando ia buscar a bola na rede, o brasileiro naturalizado português foi tirar satisfações, os dois trocaram testadas e acabaram caindo. Na sequência, ambos foram punidos com cartão amarelo.
Fábregas caído para um lado, Pepe no outro, e Busquets pisando no rosto do português, enquanto Daniel Alves se estranha com Sergio Ramos diante de Jordi Alba e Marcelo: clássico quente no Santiago Bernabéu
PÊNALTIS E EXPULSÃO
Apesar do castigo antes do intervalo, o Real voltou com a mesma intensidade no segundo tempo. Quase marcou aos seis, em disparada de Bale pelo meio concluída por Benzema na área, mas bem defendida por Valdés. E balançou a rede aos nove. Discreto até então, Cristiano Ronaldo pedalou para cima de Daniel Alves e, quando ia entrar na área, foi calçado por trás. O pé do brasileiro tocou no português fora, mas o árbitro marcou pênalti. O melhor do mundo cobrou bem, Valdés pulou certo, mas a bola entrou no canto direito.
A resposta do Barcelona saiu dez minutos depois, do mesmo jeito, em pênalti que pode ser considerado polêmico. Messi fez ótimo lançamento pelo meio, Neymar entrou na área e caiu ao ser tocado por Sergio Ramos, por trás, no braço e no pé. O zagueiro foi expulso, e o argentino cobrou bem também, no canto.
Neymar comemora gol com Messi: brasileiro cava expulsão e pênalti para argentino empatar
Em seguida, Ancelotti recompôs a sua defesa, trocando Benzema, autor de dois gols, por Varane. Do outro lado, Tata Martino adiou um pouco mais a substituição de Neymar, mas acabou tirando mesmo o brasileiro, aos 23, para a entrada de Pedro.
O ritmo do jogo diminuiu, com o Real segurando um pouco o ímpeto por ter um a menos em campo, e o Barça 'cozinhando' o adversário. Aos 28, Daniel Alves apareceu bem pela primeira vez na partida, acertando a trave em chute com categoria de fora da área.
Aos 38, o lance decisivo. Iniesta recebeu pela esquerda na área e, quando ia se livrar da marcação de Xabi Alonso e Carvajal, foi puxado pelo lateral. Pênalti bem marcado e convertido com precisão novamente por Messi, desta vez no ângulo esquerdo de Diego López.
Daniel Alves e Busquets abraçam Messi, com Di María e Cristiano Ronaldo cabisbaixos à frente
Só deu tempo para Cristiano Ronaldo tomar um cartão amarelo, por deixar o cotovelo em disputa de bola pelo alto com Mascherano na intermediária, e o Barcelona administrar a vitória até o apito final.
Fonte: Walison Kayque.